De Quando o Sol se Vai Deixando Saudade

Na cadeira da varanda

sozinho; e o pôr do sol lindo

descerrando os véus da escuridão;

da janela corre um som do Uriah Heep

e a árvore enraizada na calçada

me olha, trocamos olhares,

ouço um farfalhar de uma pomba-rola

se ajeitando no ninho, com o marido;

enquanto ainda há um resquício de luz

natural, mas na luz da lâmpada

mariposas se achegam alucinadas

perfiladas em um bailado de morte

que vem sorrateira fulminando iluminada.

Na cadeira da varanda o crepúsculo

comigo; e o pôr do sol de foi

deixando uma angústia nas plantas

do jardim... Jardim de flores e letras

enterradas, enraizadas, nas profundezas

de um pensamento que é o silêncio

da música que cessou um instante,

cessaram os pássaros, acordaram os grilos

e no campanário das almas treze sinos

soam um som oco, que preenche o momento

que é perfeito, imperfeito; desnorteia

quando lembra da saudade que se demora

e adormece no brilho da primeira estrela.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 24/08/2014
Código do texto: T4935263
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