TEMPO DE SORTILÉGIO * Na palavra...
Saboreio os sentidos da palavra,
a palavra no verso da canção,
a subir, na tontura da evasão,
onde nada ou ninguém a cala ou trava.
A palavra que salta do papel
a ganhar-se papoila a mais vermelha!
E sangrando na cor, seduz a abelha
tão sedenta de pólen-raro mel.
A palavra que trémula floresce
nos nocturnos doídos da incerteza,
onde o verso recusa ser a presa
que, vergada, se rende e deliquesce.
A palavra canção e melodia
que se inventa nas pétalas da flor
e é o mel de dulcíssimo sabor
alentando a porfia cada dia…
José-Augusto de Carvalho
23 de Agosto de 2014.
Viana*Évora*Portugal