Ensaio-me
Sim, eu sonhava.
Planos fazia aos céus,
Juras de amor aos mares.
Flertava com o silêncio
No fim de meus desejos.
E continuei a sonhar.
Alcei voos mais altos.
Vi-me preso à boca
Do negro universo
Com planetas vazios
e burras constelações.
Pra quê tanto espaço
Se hóspedes não há?
Deus é um ignorante?
Pois criou a imensidão
Inabitável que serve
Apenas para confundir
Os intitulados sábios.
Mas creio que não...
E acrescento mais:
Grato sou ao Mentor
Desse abrigo poético.
Ele sonda o choro
De pobres apaixonados
Que não possuem nada,
A não ser uma caneta,
Um papel e um lindo céu
Para se embriagarem
Com a amarga lágrima
Que banha rostos indigentes,
Mas com algo que os unem
De maneira bem simbólica:
Todos um dia souberam o que é amar.