Arqueiro (lendo Cecília Meireles)
É Preciso Não Esquecer Nada (Cecília Meireles)
É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.
***
Arqueiro (Tânia Meneses)
Eu quero me lembrar de ontem, de anteontem e de outros ontens e anteontens
As cenas ocorrem como lanças no ar perdidas e tontas
As lembranças me ferem
E sangram a minha pele
As lembranças
Isto de que me lembro são brincadeiras de crianças
E de uma planta dependurada na parede do pátio
De um menino que não sei
De quem me perdi