Poeta do nada
assistir esta tela é como sentar numa calçada e acompanhar o movimento da rua.
nela, a ausência dos seus passos é onde a liberdade de expressão atua e até os ratos, acelerados e introvertidos atravessando a via me trazem lembranças suas.
espetáculos de assombração, soluços de ansiedade e resto de bebida na manga de minha camisa, limpe-se você! eu vou ficar sujo, quase imundo,
(ao menos por um tempo) e quando voltar a cantar melodias pra lua você verá o brilho de minha gaita de boca e ao esboçar frases loucas de saudade, trarei o tempo de volta quando as coisas eram bem melhores por aqui, quero fugir de novo.
embora eu consiga dançar neste estacionamento onde homens beijam homens e mulheres sabem se deliciar com outras mulheres, também
posso concordar com tudo que me dizem sem pensar sobre nada e nada disso pode agora representar o nada que existe no meu peito.
esse nada maldito e traiçoeiro ainda sim me traz momentos, breves momentos de prazer ou algo parecido, sabe-se lá o que é isso.
decadência absoluta? desespero de velho? ansiedade da cura? loucura...
mais um cigarro no meu cinzeiro quebrado, mais cabelos em meus travesseiros mal lavados, mais solidão, mais nada então.
gostaria de falar de mim mais abertamente, pra que você pudesse entender o quanto eu sinto falta do passado e que quando eu vivia o passado sentia falta deste futuro, agora presente.
estou tão cansado de escrever desta forma, assim, repetitivo que nem sei terminar o texto, cansado eu mesmo de meus lamentos.
me desculpe, vou ensaiar melhor e ler mais alguns livros.