POEMIX

essa terra é minha

diz um lado pro outro

que diz o mesmo pro um

nenhum entende

que a terra santa

santa terra é

um planeta de todos

e a terra santa vira

a maldita terra da morte

profanada pelo djabo do ego

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RABISCOS NUM QUADERNO QUALQUER

nobres senhores

e damas de peito brando

escutem a minha história

que eu vou aqui contando

é coisa da minha memória

de quando fui viajando

dos que vieram bem antes

me considero o herdeiro

os louros são muito deles

eles vieram primeiro

esse verso é incompleto

não será o derradeiro

virão inda muitos outros

que eu hei de lhes cantar

com um pouco desse tudo

que eu ver e viajar

por enquanto acabo aqui

pro sertão vir a amar

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escrever sobre o nada

é tudo de bom

um mistério (é fada)

um eco sem ter som

taí um pouco de nada

que vivo sempre com

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enquanto houver

pó & cia

vai ter menos poesia

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fui completamente des-true-ido

destituído de minha verdade

voltei meio de mente

na verdade

fi key full dido

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TEATRO DE REVISTA

Mary Kay com ele e desisti

aquele Boticário

não me deixava Avon

desisti de desistir

ele parece um Vult

mas ao menos me Natura

azamiga disseram

"ele não é do seu Nivea

troca esse Chanel, kirida"

acabei com outro

que chegou dizendo:

Elseve?

(testei.

fiquei na Dior.)

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cozinhei demais

a barca da relação

queimei oportunidades

queimei rosca

queimei o pé do seu ouvido

com aquela conversa besta

de que era só apimentar

meu coração morreu de fome

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quando o sertão

se alegrar

vai ser tão ser

que todo ser

que deseja ser

vai ouvir

então gritar

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quando o sertão

se alegrar

vai ser tão ser

que todo ser

que deseja ser

vai ouvir

então gritar

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a menina viu um pássaro

de fogo

seu fogo se acendeu

e queimou qualquer imagem

qualquer conceito e

sobrou uma cinza qualquer

do que seria um conceito de pássaro

que o vento da asa do pássaro

soprou pra longe

pássaro safado

é fogo mesmo

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a menina viu um pássaro

de fogo

soprou lhe galanteios

e flertes

apagou o fogo

e o pássaro

menina furacão

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muita coisa pra fazer

e muito pouca vontade

téddyo, urso filho das trevas

dormir a vida no teu abraço

é miseravelmente tentador...

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ÓCIO ENTEDDYOSSO

quando estou na época do ó.cio

um urso me ronda todas as noites

e me acua na cama

e me abraça forte

e meu único horizonte

é o teto

é quando sei que dali a pouco

vai ser hora de parir

outros filhos de tinta pro mundo

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pobres, pobres, mais que pobres

filhos de letra e tinta

saem de mim e de outros

arrebatados

uns ganham muitos pais e mães

outros vivem sem ninguém

e outros, pobres filhos,

morrem antes mesmo de nascer

pobres mesmo são os poetas

mães desgraçadas

nenhum filho fica debaixo de suas asas

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meus filhotes de letras

são quase abortos

não tem tempo de gestar-se

querem voar

e precisam dar lugar a outros

que nasçam com asas ao menos

ao menos alguns

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às vezes um filhote meu

não quer só sair de mim

deseja ficar mais completo

gestar-se até o fim

até que vê

o irmão mais novo que morreu

o rastro de irmãos mortos

sufocados pelo desejo de nascer

e a falta de vez e voz

para gritar "nasce aê

filho das trevas

que eu quero também nascer

nem que seja torto

nem que seja morto

nem que seja sorte susto surto sorto

no meio da rua sem nada sem ninguém

eu quero também

simplesmente nascer"

depois do olhar para atrás

uns resolvem nascer

com catar-se

levando os irmãos nos ossos

outros resolvem matar-se

viram porto de remorso

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REBELDES SEM PAUSA

um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro um atrás do outro atrás do um atrás do outro atrás do um atrás do outro

meus poemadolescentes

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VERSELHICE

quando aquele meu primeiro poema

limpar suas lentes

e olhar sua descendência

talvez sinta muito orgulho

ou seja coincidência

quando ele

mais velho que eu

estiver sozinho no mundo

pra cuidar do batalhão

vai suspirar e dizer:

"acabou a guerra, então?"

Dija Darkdija

Dija Darkdija
Enviado por Dija Darkdija em 21/08/2014
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