O DOUTO GRISALHO
 
Esse terno riscado
Capa de outra idade
num veludo
Que passa por senhor das coisas
Que ficam pra trás
Quer o que
De tudo isso
Se não ser a parte
Corrente veloz
De um sentido que não traz
A nós
Engana a manhã
Aparece a noite
Pronto pra descer
O coveiro dos sonhos
Parece ter
Roubado-lhe do ente
Que presente
Ficas em pé
Nas medidas perdidas
Que tomas
Pra aquecer
Uma alma vendida
Que colhe vestígios
Intranquilos
Dos passos antigos
Senta num trono
Entorno a solidão das jóias
Que não respodem
sua súplica miserável
amável torna
um sorriso a ter
se envolve de novo
então mudas as mudas
relutantes da pose
vai ao encontro do povo
num caminhar elegante
ofegante esconde
num lenço
umedecido
como oração que faz um pedido
quero viver o perigo
se ainda me falta
algo a mais
jamais o sentido
será morrer e pronto
a caduquice
pode nascer
na meiguice falante
que cativa a beleza
que a incerteza
acorda
olá puberdade juvenil
tenho um barril
de polvora
e um pavil surdo
eu furto o infinito
que vocês pintam
“não há pomares maduros
No que não se move”!