atravessei desertos
atravessei desertos
com pés descalços e com alma nua
sentindo frio
com a lama engasgada no peito
e o fel na garganta
que escorria riachos de lágrimas por entre os dedos do meu tempo sagrado
e minhas ventas assopravam fogo
e labaredas congeladas sem artifícios
e nas miragens secretas dos meus desertos
andei sem coragem
e quase sucumbir...
escalei momentos de aragens tristes!!!
e nas tormentas quase ateu me tornei
diante dos abismos sorrateiros
me mirei num espelho com as cores da ferrugem nas emgrenagens múltiplas esfarrapadas
e fui ao chão, cuspir vermes
estrumes, engolir vômitos
dos sobejos das noites ingratas inexatas
e dos fracassos inertes
sobrepus horizontes estéreis
nas orgias das sinas
que em mim se desdobravam
com em crina de cavalos doidos
a vida se incrusta
na teimosia oriunda, vagabunda, sisuda
e bastarda
e ainda me arrepio com os medos que sem segredos se desdobram em meus caminhos
como fantasmas com sua silhuetas vagas e pichadas
do limiar quebradiço
em minhas estradas sugismundas
das maquiagens e depravações
sossegadas
nessa miríade de tormentos cinzentos
sujos curvos turvos
sombrios imundos vagabundos
sem umbigos e sem úberes
mas com as incertezas despoéticas
que habitam os Saaras sem fins