AMA FEROZ 
 
A voz adocicada
chega a ser ouvida
antes de me dar
o que sempre quis
não há o que queimar
num inferno
que o inverno
adota pra se aquecer
trago as cordas
p’ra que prendas
meus pulsos
estenda braços
me deixe morrendo
de uma vontade
regada a vinho
derramado
no pacto secreto
deste quarto
põe a venda de linho
que tiras no cuidado
das tiras
do espartilho roseado
meias finas brancas
baixam uma cortina
caída preta
que agora por cima
me ensina a amá-la
por sombra
 o aroma altivo
do silvo chorado
que bebes com prazer
o sufoco do indefeso
que o peso
deixa aceso
um sol entre nuvens
olhos do imantado
que seu corpo prendeu
p’ra adorar
vem deitar agora
de costas pra mim
não me solte
volte mais tarde
depois das horas
tocarem outra música
os banhos do teu suor
respondem
minhas declamações
coroadas
por teus apelos
desde cedo
havia rastros
da fêmea adulta
brincando de cobra
na cama dos insultos
cremados de beijos
porque ele ainda me deixa
ver o que quero
amado em mim?