desabrochar
No alto Albatroz
na casca do cansaço
entre a cruz e espada
o desejo escarlate
Pulso invisível do ser
“como é estar dentro das coisas? ”
sonoros asas
que na pele e nos olhos
estalam,
a fruta antes
proibida
grita, vibra, grita
o portão
dos que querem
conhecer,
como é estar dentro
das coisas, fora delas
envolta e na calada
de algum tempo
confundir-se
com suas abas,
tornar-se forro
que no mar
assombra
o colo
da menina que
canta
de frente à boca
que se abre
no tempo
até
então amorfo
recolhido
no interior
do vulto
do susto, do surto
do dente da
negra tarde
que se amarela
ao respiro
do coração
que desabrocha
De estar dentro das coisas
E dessa prisão
Salta seu lado deserto
Que viaja belas beiras do inferno,
Quando se pensa
Quando se entriste
Quando se é
E quando se conhece
O porco fala com as uvas
Sua língua dourada com o pavor
Das cavernas...