desabrochar

No alto Albatroz

na casca do cansaço

entre a cruz e espada

o desejo escarlate

Pulso invisível do ser

“como é estar dentro das coisas? ”

sonoros asas

que na pele e nos olhos

estalam,

a fruta antes

proibida

grita, vibra, grita

o portão

dos que querem

conhecer,

como é estar dentro

das coisas, fora delas

envolta e na calada

de algum tempo

confundir-se

com suas abas,

tornar-se forro

que no mar

assombra

o colo

da menina que

canta

de frente à boca

que se abre

no tempo

até

então amorfo

recolhido

no interior

do vulto

do susto, do surto

do dente da

negra tarde

que se amarela

ao respiro

do coração

que desabrocha

De estar dentro das coisas

E dessa prisão

Salta seu lado deserto

Que viaja belas beiras do inferno,

Quando se pensa

Quando se entriste

Quando se é

E quando se conhece

O porco fala com as uvas

Sua língua dourada com o pavor

Das cavernas...

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 18/08/2014
Código do texto: T4927698
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