NOVA TERRA, NOVO POVO
Sob o fogo do sol o planeta fenece
Circulado por um halo de ouro.
Aos meus olhos a imagem parece
Peça de teatro de mau agouro
Encenada em solo ressequido e gretado.
O personagem agoniza ao calor que abrasa
Ou se afoga. Seus recursos estão esgotados.
Silêncio. Não se ouve o bater duma asa.
Águas maculadas exalam maus odores,
Cortina de negra fumaça o horizonte anuvia,
A platéia, doente, se contorce em dores,
E nada, nada à situação alivia.
Este não é mais um planeta altaneiro.
Vejam! Agora ele se contorce em espasmo,
No palco do universo onde já foi pioneiro,
Aguardando seu fim em mórbido marasmo.
E pensar que o recebemos de presente...
Puro para ser nossa casa, nosso lar querido,
Mas a irresponsabilidade, em nós presente,
Fez dele um baú saqueado, um animal ferido.
A cobrança vem em forma de pesadelos.
Sentimos na pele o seu corte tenebroso,
Sem solução arrancamos os cabelos,
A cada vergastada do relho pavoroso
Da natureza ofendida, vilipendiada.
Implacável, ela requisita o espaço perdido,
Para se regenerar de forma privilegiada
Formando novo povo pela sabedoria regido.
14/03/07