Moinho Inválido

Moinho Inválido

O vento se foi em agonia

Rechaçado, perdeu-se na paisagem

O Moinho se lança em autonomia.

E tenta se mover sozinho .

Para que precisa de vento, afinal ?

É independente. Experiente, esse Moinho.

Conhece as sombras do bem e do mal.

Nada lhe falta no caminho.

Pode usar o poder das mentes.

E sua força altiva, o torreão.

Também a fé que move as gentes

Mas o esforço é tamanho e em vão.

Sente-se tão só, o velho Moinho.

E lhe dói profundo a hipótese do não.

Vê a frágil figura que lhe vai por dentro

E nada sopra ânimo às suas pás

Simplesmente não há movimento.

O Moinho fica mudo...remoendo...

Pede ao horizonte notícias do vento.

Sem ele, lhe reflui cada momento.

E lhe arranha tudo o que seja jamais.

A estrutura esmaga o solo estático

Enquanto o sal lhe tange a ferida.

O ar seco vai rachando os tijolos.

O Sol de napalm incinera os olhos.

Trespassa o líquor vítreo e apático .

E a ausência daquilo que negou enfático

Lhe subtrai displicente o carrossel da vida.

E ecoa ao longe seu triste lamento.

Moinhos sempre precisam de vento...

Claudia Gadini

16/08/05