Anagrama
Vi-me na morena
Que banhava-se
À margem do rio
Onde mora o fio
De cabelo preto
Deixado na areia
Da minha emoção.
E acompanhava
Com rigor o rumo
De suas mãos
Como se o abrigo
De minha alma
Fosse suas curvas.
Suas pernas turvas
Na difração da água
Difundiam o encanto
Que num pestanejar
A criei pra mim.
Só pra mim.
Ao sair desse rio
Fui, corajosamente,
Preso na hipnose
De sua cintura.
Sem temer o porvir
Me permitir com ela
Ficar, e gozando
De tanta ternura,
Escolhi esperar o fim
Em seus cachos,
Em sua pintura,
À uma imensa lonjura.
E aqui estou:
Amando meu passado
Sem sair do lugar.