Anagrama

Vi-me na morena

Que banhava-se

À margem do rio

Onde mora o fio

De cabelo preto

Deixado na areia

Da minha emoção.

E acompanhava

Com rigor o rumo

De suas mãos

Como se o abrigo

De minha alma

Fosse suas curvas.

Suas pernas turvas

Na difração da água

Difundiam o encanto

Que num pestanejar

A criei pra mim.

Só pra mim.

Ao sair desse rio

Fui, corajosamente,

Preso na hipnose

De sua cintura.

Sem temer o porvir

Me permitir com ela

Ficar, e gozando

De tanta ternura,

Escolhi esperar o fim

Em seus cachos,

Em sua pintura,

À uma imensa lonjura.

E aqui estou:

Amando meu passado

Sem sair do lugar.

Fábio Simão
Enviado por Fábio Simão em 17/08/2014
Reeditado em 21/11/2014
Código do texto: T4926436
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