Dois cabras valentes

Sujeito tu assunte

O causo que eu vou contar

De dois cabras valentes

Daqueles de arrepiar

Que tinha a triste fama

De toda festa acabar

Um era Raimundin

E o outro Ribamar

E veja a coincidência

Dessas de lascar

Os dois resolveram

Que queriam dançar

E foram a uma festa

Justo no mesmo lugar

E nem um dos dois sabia

Que o outro ai pra Lá

A festa tava animada

Todo mundo dançando

Quando chegou Ritinha

Filha do Herculano

Foi só entrar na festa

Que todos ficaram olhando

Pois a bela donzela

Tinha sido escolhida

A rainha naquele ano

Ai os dois valentes

Tiveram o mesmo plano

Dançar com a Ritinha

Naquele instante do ano

Raimundin saiu correndo

Com a moça queria dançar

Do outro lado chegou

Também o Ribamar

Ritinha ficou no meio

Sem saber com quem dançar

Pois não enjeitava convite

Bastava lhe convidar

Raimundin pegou num braço

Ribamar no outro garrou

Ritinha vendo o perigo

Logo se adiantou

Disse... Danço com os dois

E pro salão carregou

Raimundin na frete

Ribamar na sua costa ficou

Sairão fazendo triagem

Nos quatro cantos da festa

Ritinha toda orgulhosa

Alegria escrita na testa

E só se ouvia o cochicho

Essa brincadeira não presta

Ritinha naquele instante

Do meio dos dois saiu

Deixou os cabras dançando

No meio do salão vazio

E eles ali humilhados

Coisa que nunca se viu

Causou grande espanto

A todos que estavam olhando

Justo naquele instante

No meio do abandono

Foram embora da festa

Sem causar nem um dano

E nunca mais se soube

Que rumo os cabras tomou

E Ritinha ficou com a fama

Que dois valentes desterrou

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 17/08/2014
Reeditado em 26/12/2021
Código do texto: T4926003
Classificação de conteúdo: seguro