Zepelim de Chumbo

Os homens arranham a primavera

com o espinho das flores e,

atravessando a seu modo tempos bons, tempos ruins

e o marasmo, eles constroem a batalha de sempre.

Destroem sem piedade,

os templos sagrados de sua confiança.

Corpo atordoado e confuso aprisionando a alma pequena,

eles ouvem mas não distinguem sons

pois o colapso na comunicação se fez.

Quatro homens sobem a escada para o céu

entoando a ‘Canção do Imigrante’.

Apesar da fraqueza de suas vozes,

a canção continua a mesma.

Suas mulheres já foram despedaçadora de corações

mas o amor era nobre, mesmo de cobre,

era um bocado de amor.

O choro galopante dessas coitadas

doía e pesava como um zepelim de chumbo,

as dores do mundo as encaravam

como a noite vestida de cachorro preto.

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 16/08/2014
Código do texto: T4925266
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