NÃO ME AJOELHO MAIS

Eu pago pelo perdão divino

Não importa se sou menino

Não há desconto pra se dar

Eu compro a indulgência

Grande ciência da fé

Mas qual é?

Mesmo que pague caro

Eu não vou pro Céu

Meu destino está traçado

Vou ser sempre mal amado

Como fui a vida inteira

É muita besteira acreditar

Que um dia vou ser barão

Sem ter que me vender

Eu não dobro meus joelhos

Eu não beijo a mão do Papa

Eu não preciso dos conselhos

Dos homens de sorriso postiço

Por isso suas mãos de veludo

Não vão mais acariciar minha cabeça

Fazendo que eu me esqueça

Que não há sinceridade

Em toda forma de poder

Pepê Ouro Preto
Enviado por Pepê Ouro Preto em 16/08/2014
Reeditado em 21/03/2020
Código do texto: T4924641
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