LIGAÇÕES

Quase disquei teu número
no celular.
Parei no último toque.
Tive medo do tom da tua voz.
Poderia ser: "Oi, amor,
que bom te ouvir."
Poderia, no entanto, ser:
"Oi, quem fala?"

A lua se espalha no céu
da noite de inverno.
O celular na mão é dúvida.
A casa que te lembra
esquece qualquer certeza.
Sou eu e minha história.
Ligo, se transcendi.
Não ligo, se permaneço.

Adormeço, indeciso.
Espero a manhã em que,
sei, não me ligarás.




 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 14/08/2014
Reeditado em 16/08/2014
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