Parapeito

Esqueci as horas e fui contar as estrelas

uma por uma, até passar toda a tristeza.

Ficou um brilho no ar e uma lágrima presa.

A vida é tão frágil quando me apoio no parapeito.

Olho prá rua, cravo meus pés no chão e abro meu peito.

É quando ela entra e se aboleta, feito borboleta

bate suas asas e me espalha de cores por dentro

e vai procurando um lugar prá pousar

pelos meus cantos canteiros, meus delírios viveiros

bebe da minha água riacho doce correnteza

se alimenta da minha calma e me faz inquieta

quando nas minhas falésias sonha alto

se arrisca no salto e plana gaivota branca

menina mar, moça oceano, mulher terra

contando estrelas na solidão da janela.