MEU ATLETA
Poema escrito em 2001, após um ano de recuperação de uma terrível, terrível fratura na perna esquerda.
RepublicaçãoQuando se volta
da porta fechada
no fundo do corredor
e se anda
com os passos
inseguros
do longo tempo
de vida imóvel
se anda
na direção da janela
que se abre para
cada um dos
pensamentos invisíveis
dos seres debruçados
nas janelas
que se abrem
nos prédios defronte
diante desta janela
que se abre
para o mundo
anda-se
nos pés assim
precários
com a mais absoluta
liberdade de movimentos
em viagens
que você não é capaz
de sonhar
nem nas noites
mais ambiciosas
meu atleta
de tão perfeitas pernas.