BEIRA DO RIO

Eu vivo à beira do rio,

e sorrio porque estou à beira do rio

e este meu sorriso rindo

são as águas do rio que me banham o riso.

Vivo à beira do rio

sem religião ou bússola,

sem tempo ou espaço

porque as horas são o rio.

A correnteza do rio

é meu corpo que flutua

e as folhas deste rio

são meus pensamentos que se enterram.

Moro à beira do rio

sem morais, definições ou conceitos...

Vivo apenas à beira do rio

tal como sou, sem alguém ser...

E na correnteza que passa

outra maré vem...

Tristeza, alegria, sonho...

Alguém que não é o seu ser...

Passo como a água,

escorrego como o limbo,

exalo como as folhas,

sinto como o Homem...

Vivo à beira do rio

sem direção ou tino...

Chovo quando chove,

esquento quando faz sol...

Quando anoitece... anoiteço,

Quando esfria... sinto frio,

Quando seca... me seco,

Quando há enchente... transbordo...

Vivo à beira do rio

que não existe já que vivo,

que não sente já que amo...

Vivo à beira do rio...

carline
Enviado por carline em 14/08/2014
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