Esfinge

Indecifrável como uma esfinge,

Dessa forma me revelo,

Me deixo conhecer ,

Quero que pensem.

Deixo-me revelar aos poucos,

A uns ,outros não .

A todos deixo ver apenas a ponta do "iceberg ",

A ninguém me revelo por inteiro.

Para uns ,uma serena mulher ,

Para outros uma devassa ,

Para alguns uma santa ,

Para aqueles uma cidadã acima de qualquer suspeita ,

Para os demais ,uma excêntrica ,

Livre pensadora,

Intelectual,

Louca ,

Fútil,

Profunda ,

Sonsa ,

Pérfida ,

Dúbia,

Puritana ,

Carola ,

Pecadora ,

Predadora ,

Safada ,

Cachorra...

De tudo tenho um pouco,

A cada um mostro uma faceta.

Nunca deixo me revelar por inteiro,

Gosto de me mostrar aos poucos...

A ninguém dou o direito de me decifrar.

Nenhum Édipo me decifrará por inteiro.

Gosto de ser essas tantas,

Essas todas ,

Essas muitas em uma ,

Essa uma em tantas.

Gosto de ser insondável,

Impenetrável,

Indecifrável,

Incoerente,

Inconseqüente ,

Indefinível ,

Intensa ,

Ínfima ,

Intrigante,

Instigante,

Indomável...

E pela vida vou andando,

E a cada um me revelando ,

Deixando em cada uma impressão diferente,

Uma marca de mim,

Um pedaço de mim,

Uma opinião de mim...

Somente para mim me desnudo por inteira,

Me mostro completa,

Me revelo sem pudores,

Sem dores,

Sem cortes,

Sem vergonha ,

Sem cicatrizes,

Sem vacilos ,

Sem dúvidas !

Sou a esfinge descalça ,

Nua ,

Crua ,

Impenetrável ,

Cruel ...

Sou aquela incógnita que sabe se juntar,

Que não deixa se aprisionar,

Que sabe se revelar ,

Que não se deixa devorar...

Nem tente me decifrar!

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 13/08/2014
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