NADA DO NADA
Vivo em cada morte
e ressuscito em cada vida!
Sonho sonhando o que o sonho me diz
e sei não sabendo nada!
Cada vida é um rio que passa,
como cada morte é uma voz que se cala;
o sonho éa veia que estanca
e o saber é a virtude do nada!
E por saber que não sei nada
é que me calo no sono do sonho,
fotografando apenas a palavra apenas
na paisagem das flores, jardins e florestas...
Como um rio, choro...
Como a noite, sinto frio...
Sinto frio do calor
que me eleva ao amor...
E na cascata me estrangulo
e o sal da água engulo...
Passo, vejo, sinto...
A sensação de o nada sentir!
Quero apenas nada querer,
e não querer e tudo saber...
Nada sei do nada
do que vem a ser o querer...
Sinto porque não sinto
e por nada sentir é que sinto!
Sinto o nada, o vazio, o escuro...
Não sinto a vida pois é morta!
Não saber nada do nada
é, antes de tudo, tudo saber!
E o nada querer do nada
é do nada sentir o querer!
A vida passa
nos meus olhos que apenas fotografam...
E por nada sentir nem fazer, apenas passar,
é que nada do nada sei!