É
O vento traz a brisa do mar
e revolta o coração a amar...
É água que vem, é água que vai,
é pedra que rola rasgando o sentimento...
Os tempos passam e as horas voam...
roubam do meu sangue... sangue...
A artéria articulada da emoção...
É flecha que entra no coração...
É vida que vai, é vida que vem...
Pedra na face rasgando o semblante...
É momento que voa sem cessar...
É zumbido que entra sem parar...
Torrente de luz e fluxo no ar...
Emoção estancada de sangue esvaído
na veia, na vida, na morte...
O pássaro voa... pousa na mão...
É luz que apaga, é sol que irradia
na atmosfera de amostra grátis
de remédios ambulantes, rotulantes...
É o ter sobrepujando o ser...
É vida que voa pelo espaço do cosmos...
É mentira que entra no só...
Só de vida entupida de seres
passivos de terem o ter...
A mão é estendida...
A vida é tirada pela mão
bocal do beijo não dado...
A vida passa e o gesto fica...
Arrumação por dentro
de ser a nuvem que passa...
É cama desfeita na hora exata
de não ter o pensamento de pensar...
É pedra que rola e cai no peito...
É gente que é gente e não sabe que é gente
porque não é gente gestante
de sentimento sentido no sentir...
É confusão de ser
sem saber o que é ser...
É vida que passa, é amor que chega,
é pedra que rola, é o homem que vai...