EU-VERME ¹
(Ao poeta Augusto dos Anjos)
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR²/³
Augusto, não vês irmãos que se destroem!
Ao rancoroso som d’artilharia moderna.
Levanta agora a cruz do teu “EU”!
Uma folha de cana, como ramo de oliveira acenava.
Quiçá, traçando paz, perdão, amor.
O “EU” que te fez assim, sem par.
Vem insculpir em nossos corações.
Tu bradaste “O Deus Verme”.
Não vês o recrescer das ilusões humanas?
Augusto, Augusto, desperta, por que dormes?
Augusto, Augusto, o Brasil se desvanece.
Ao contemplar-te, filho da Paraíba.
Ao pé do Santuário de Sinhá Mocinha.
Desperta, Augusto, vem viver conosco.
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¹AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Augusto dos Anjos e a realidade do ser e do não ser. João Pessoa: UNIGRAF, 1984, p. 12.
²Cadeira 07 – Academia Paraibana de Poesia
³Cadeira 01- Academia de Letras do Brasil