VEM E VAI
Na vida que vem, na vida que vai
é sorriso que chega, é sorriso que vai
na alma que chora, no corpo que ri
no nada que vem, na vida que vai...
Na mão outra mão
que bate, que sua
no corpo sem espírito,
no espírito sem corpo...
Na voz que sussurra
no grito que sufoca
o sentido
de sentir o sentido...
O carrasco que tem
o poder de não ter
na vida que morre
e na morte que vive...
Na vida que vem, na vida que vai
a gota de sangue...
O sangue de ser gente
na ferida que abre...
É dor que um dia chega
na felicidade do ontem que foi
um crepúsculo de orvalho
da neve de si...
Na vida que vem, na vida que vai
é cabeça que explode
na dimensão do infinito
da vida finita do ser...
É corpo que pede
o saciar do desejo
necessário do amar
que fecha o sentir...
E que morre pedindo
a água da cloaca...
Orifício único
do bicho chamado homem..
É fome não alimentada
na vida que corre
sem sempre, sem nunca...
Meio termo sensorial...
Na vida que vem
sem saber onde ir
no futuro, no presente
e no passado esquecido...
Na vida que vai
sem saber de onde veio
do nada ou do tudo
e na dor que não ficou...
Na vida que vem, na vida que vai
é sorriso que chega, é sorriso que esvai
na alma que chora, no corpo que ri
na vida que vem, na vida que vai...