POEMIX
ODE AO REI
se olavo for príncipe
augusto é meu rei
augusto I e único,
o hipocondríaco
augusto, o monstro
sou teu mero servo
descavaleiro
um bobo da corte qualquer
filho do carbono e do amoníaco
e do grafite do teu lápis
criado na sombra do tamarindo
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ODE À RAINHA
se não existe rainha da poesia
eu tenho a minha
amandalice ruiz meirelispector hilst de queiroz
amanda, a múltipla
sou teu mero servo
descavaleiro
um bobo da corte qualquer
para multiplicar nossas alegrias
por todos os vérsulos
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comida
botas
qq chose
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can say
posso falar?
no quiero hablar
je ne parle pas conneries
nanimo
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tu é uma onda
vocês dizem
só ser for uma onda de viagem
pra levair
prum qualquer-nenhum lugar
quando eu chegar
vê se não me quebra
quero me tirar
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escuro
eis o que vejo:
porra nenhuma
e esse nada vira então um percevejo
com a fedentina a entranhar-se nos meus pelos
e a virar medo de ser engolido na bruma
então mainha diz ô caba te apruma
e me aprumo
passa por mim um morcego
abro os olhos nada vejo e percebo
que é tudo sonho
e quem vos fala aqui nem fuma!
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eu e outras poesias
de eras passadas
ele e seu mofo mitológico
daqui a um tempo
vai se abrir sozinho
e sair por aí
recitando-se a si próprio
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chuva do caralho
lá fora. dentro do escritório
chuva de trabalho
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se é preciso morrer
pra ser reconhecido
que eu fique aqui mesmo
vivendo mais um pouquinho
fazendo mais um deslize
escrevendo outro versinho
não quero coroa de príncipe
deus me livre de ser rei
no máximo seu monge
seu criado mudo
lhe deixando um verso ao lado da cama
todo dia antes de dormir
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DESAUGUSTOSO
quando a mizera vier
que me pegue acordado
metade enfado de sexta
metade ensabadado
pois ela nunca foi pouca
e vive pra todo lado
quando a mizera vier
vai se chamar de desgraça
andar por onde quiser
pintar e bordar na praça
roer qualquer alegria
com o seus dente de traça
quando a desgraça vier
do nada se surgirá
uma feiticeira branca
e um frio de lascar
com um remexer de anca
fará o vento soprar
quando o vento soprar
vai congelar o mistério
vai levar o meu destino
para o buraco funéreo
e o que depois vai sobrar
é só um nada etéreo
quando o etéreo sobrar
não haverá mais então
tudo será engolido
por um rugir de leão
um esqueleto de sonho
um resto podre de Aslão
e quando tudo for resto
juntado e jogado fora
será parte do nirvana
essa mizera de outrora
é também parte de mim
desde sempre até agora
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P.S. DO ENQUADERNADO
quero ser o gênio da raça
que seja de raça mestiça
ou então gênio da praça
qualquer um que seja artista
gênio morre antes do tempo
e eu quero viver a vida
tenho é medo de morrer
antes de encerrar minha fita
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discutir
mesmo estando certo
quase nunca presta
discuto só com poemas
reticentro no que resta
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essa terra é minha
diz um lado pro outro
que diz o mesmo pro um
nenhum entende
que a terra santa
santa terra é
um planeta de todos
e a terra santa vira
a maldita terra da morte
profanada pelo djabo do ego
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não sei mais
o que ia escrever
talvez sobre uma planta bela
ou algo que a gente não vê
quem sabe sobre uma saudade
que sinto sem saber porquê
enquanto não escrevo
a bola da caneta sente
imensa inveja do mundo
girando por si mesmo
depois do primeiro impulso
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BÔNUS:
20:56
CHAMAMENTES
Lá fora, tudo queimava tanto quanto aqui dentro de mim. Não sei se a gastrite era puro nervosismo, ou se uma vontade doida do corpo de acompanhar o ardor das labaredas. Só sei que tudo queimava, lá fora, e aqui dentro. A casa era minha, o corpo era meu, a morte era minha também. E o fogo, que me dissolvia, me fazia fogo junto, e eu virava fogo também. Virava fogo por inteiro, não só um ardor na pele e na boca do estômago. Um fogo que surgia de dentro, de um dentro inalcançável, e que podia tudo. Podia queimar o mundo. E quando tudo se acabasse eu ia ser livre, cinza e vento rodando e se enfiando pelos mistérios do profundo...
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LESÃO MUSCULAR
Às vezes é burrice mesmo.
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FELIZÁRD[U]O
Procurou tanto chifre em cabeça de cavalo que descobriu e passou a criar unicórnios.
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INFELIZÁRD(U)O
Seus unicórnios não passavam de cavalos nos quais acharam chifres
Dija Darkdija