POETA PRÓDIGO
Pedi minha herança
e parti.
Entre festas e amigos vaguei,
Esqueci-me da casa de meu pai
E no calor das farras
Consumi toda minha herança.
Sem dinheiro,
Sem amigo,
Vi-me só, perdido no mundo.
Para matar minha fome,
Juntei-me aos bichos e às feras,
Comendo restos de comidas
e dormindo ao relento.
No fundo do poço,
Lembrei-me da casa de meu pai;
Ali, até o mais humilde dos animais,
era bem mais cuidado do que eu.
Levantei-me e me pus a caminho,
Pois conhecia o caminho de casa:
“Se não podia ser mais filho,
Contentava-me em ser seu servo!”
Ainda distante,
Vi meu pai correndo para mim,
Tomou-me em seus braços e me acolheu,
Dos meus pecados esqueceu,
Limpou minhas feridas,
Deu-me roupas novas e limpas,
Levou-me à sua mesa,
E fartei-me como nos primeiros dias.
Senti que ainda era filho,
Senti que ainda era amado.
Senti que podia recomeçar a minha vida,
O medo não mais me assustava
Porque eu estava com meu Pai!
Estava perdido,
E fui achado.
Estava morto,
E Ele me ressuscitou!
Quando penso em partir,
Lembro-me
Que aqui é o meu lugar,
No calor da Sua presença!