A SACERDOTIZA

Oh lua que desce
Neste céu nublado
Que vejo
Por dentro
Desço no corrente
Espaço calado
De um bosque
Sem flores
Apenas velas
Acesas
Será que ela
Presa de mim
Agora quer um culto
Me tirar da doença
De ver coisas
Demais no dia
A noite é o inverso
Do verso
Ditado por toda
Parte
Quando a tarde
Tudo se acalma
Almas precisam do calor
De outros
Do estar de loucos
Frente o que passa
Numa tela
Já antiga
Disposta pra todos
Ela me quer frio
A deriva numa ilha
Isolada
O medo finge
O começo de tudo
O absurdo foi tudo
Que vivi
Desfaz as nuvens
Um instante de espamo
Caio sobre
Corpos dormidos
Um silvo breve
Sentido
O que nunca fez sentido
Torna-se mito
A vontade dos alheios
Quando um freio
Tarda bala de ensejo
A tudo que o desejo
Foi impuro
Ela pede
Eu juro
faz as marcas
Do obscuro
Minha testa fringida
Olhos de atenção
Ela frígida
Sem nenhum rancor
Clama meu coração
A sair pelos olhos
Dizendo me entrego
Isso é tudo
O mundo perde-se
No segundo de tudo.