Momento Paulista

A poesia cambaleia na paulista

Pisando as listras do asfalto morno

Vislumbra com os olhos os altos edifícios

com cores e formas diferentes.

Do alto, um delicado vento,

atira pela janela uma flor cambaleante

Que lhe assopra brincalhão

Tornando indecisa a queda.

A poesia ali está.

Não no salto da janela

e nem na queda para o chão.

Mas a dança vadia e ousada

de imortal suicida, página solta,

um pedaço qualquer da história,

A música sem nexo dos automóveis

Que freia em tom mais baixo

Que a voz do camelô.

O murmúrio e riso de não sei onde

AQ loucura da pressa e do homem cansado.

Trovão e raios de chuva que não cai

Na lembrança da garôa da boa terra

Da São Paulo vadia

Dos anos que não mais voltam.