Retórica

Suas palavras afiadas

Fazem cortes em meu rosto novamente

Meu ódio alimenta sua retórica

E andamos em círculos outra vez

Seus discursos descrevem tudo

Mas sua mente não entende nada

Ajunte a coroa que quica no chão

Porque o mundo não é seu

Quando você fala

Ergo todas as minhas barreiras

E carrego todos os canhões

Sou a única que não aguenta calada

Os seus delírios de grandeza

E isso não me rende mais

Que guerras com desprazerosas vitórias,

Irrelevantes derrotas e entediantes empates

Eu sou o gelo que paralisa sua arrogância

E o fogo que alimenta suas estratégias

Sou a assombração que o fascina

Muito mais do que você gostaria

Sou o desafio em sua história de vitórias

E o prêmio que nunca terá

Sou a quimera que o desafia a sonhar

E o pesadelo que o lembra da realidade

E eu poderia deixar de ser tudo isso

Poderia tratá-lo com toda a indiferença

Que conheço muito bem

Mas se eu fizesse isso

Apenas me tornaria igual a todas as outras

E o desafio murcharia como flores no inverno

Se eu fizesse isso

Apenas o veria afundar em obsessiva mesmice

E eu não quero sua coroa

Não quero ser rainha nesse mundo que almeja

Não quero vencer guerras que escolhi não lutar

E não quero definhar em sua retórica dramática

Serei sua adversária enquanto assim eu quiser

Pois jamais faço nada sem realmente querer

Serei sua adversária, mas lembre-se bem:

Você não sabe quem sou, não tente me entender

E você vai seguir seu caminho

Talvez encontre a coroa que deseja

E talvez perceba que seu mundo perfeito

Foi construído de um frágil conjunto de ilusões

E eu não estarei lá para ver

Não estarei lá para ouvir seu último discurso

Estarei lutando contra meus próprios fantasmas

Aqueles que você, preso em sua retórica, nunca entendeu mesmo