mais imortal

O que serei eu

Se o chão que piso

Romper, se ao dizer

O que sou, amanhã

Logo, cedo, já se

Acabou, o tempo

Nos rasga e nos consome

E acende em frente

Nos acende na água

Que ferve, na solidão que

Perfura, no tédio que

Estrangula, e o fio que

Nos alimenta, ralo eletrodo

Que vem das bandas

De baixo, das pernas

Do chão, do mundo dos

Mortos, das cadelas de

Boca sedenta, do rosto

Que brilha no mesmo

Corpo que carrega dois

Seios entumecidos de vida

E nos afunda, nos imunda

E volto,

Depois da zombaria

Mais imortal

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 09/08/2014
Código do texto: T4915808
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