Ilusão e Realidade
Num som de compasso padrão enlouqueço.
As goteiras do teto que pingam na minha cabeça,
gelam a razão,
esfriam o que me é sensível.
Geladas, duras e falsas. Não são chuva.
E como desejo chuva.
Mas trancada, sentada ao canto
o desejo embebeda-se de fúria.
As paredes são negras,
negras.
E as gotas imundas, escorrem
feito lodo, imitam sem sucesso
as lágrimas de uma vítima.
Elas se destacam quando a lâmpada pisca,
pisca. Vai queimar.
Vai arder até alcançar explosão.
Luz.
Aqui dentro, essa luz quer ser Sol.
Inútil, covarde luz, dissimulada.
E no delírio do ódio,
na raiva febril,
confundo e me difundo,
na ilusão da realidade.