ENTORPE
 
A face coberta
Do estranho
Que insistia em ficar
Ela adota um sexto
Sentido
Carinho a espera
Do homem ferido
Saindo de si
Sentado que estava
Bem ali
A cor púrpura
Eram lábios a muito
Precisando
Muito pouco da fala
Ele então se cala
Agora olhos
Não mais abertos
Atentos ao deslize
Constante das linhas
De uma estrada
Fim de linha
Ao estado mórbido
titubeante
quer ela agora
lhe arranca o fardo
que não debruça
nem se inspira
o que inspira
em seus sonhos malucos
ela foi p’ras águas
calmas de uma piscina
de braços
que lhe viam como
a rainha despida
de pudor
mergulha mais fundo
Netuno amando
medusa
que confusa
vê Pegasus nas
estrelas cintilantes
do quarto alado
o principado de baco
deleite de sucos
volúveis
dois corpos abraçados
parecem mortos
de um cansaço
que golpeou a razão
pra sonhar suar de amor...