Uma canção cinzelada
...penso na palavra aquela não dizível/aquela oculta nos recônditos mais íngremes, aquela que floresce nos vales mais inóspitos, nas sombras, aquela que se faz flor amarga pelo Belo que a fecunda... se faz raiz ... se faz dor pela alma que a sente......
venho de poentes tardios
de espigas renascidas
de alvuras feridas
sob o afresco do meu céu cinzelado
venho sob todas as formas
ciprestres derramados
cedros machucados
pés alfabetizados
venho de um tempo de mim
fresta única de meus cílios escarpados
quando floresto-me
aos olhos fundos desta terra que me lê
páginas soterradas
versos enrugados
na crosta dura da leveza
os fios tecidos
purezas sobre as louças
panelas ainda de ferro cheirosas
da escrita materna de casa