TAÇA
Por favor, me dêem uma taça!
Estou pedindo, por Deus!
Que sede hedionda!
Me tragam, por piedade, uma taça
cheia do líquido desejado!
Quero álcool, muito...
Misericórdia, por favor,
mendigo por esta taça alcoolizada...
Preciso amortecer meus sentidos
e desmaiar minhas dores...
Deixa-me embriagar-me
por toda a eternidade...
Preciso perder os sentidos
angustiantes da razão que me toma...
Inebriar-me na fantasia do possível
do olfato,do tato, da visão, do palato...
Quero o delírio inconteste
de não errar no meu erro
do desejo absurdo
de me perder de desejo...
A taça, por favor!
Deixe-me esquecer a dor
que esmaga a esperança...
Deixa-me acreditar
que estou sentindo a presença...
Está doendo! Está matando!
Um copo cheio! Depressa!
Escorre pela boca...
Que tremor!
Minhas mãos... Como é gelado o líquido!
Faço amor com ele...
Estilhaço... barulho... sangue...
Álcool que corre pelas veias...
Gozo! Gozo infindo!
Delírio mortal! Por favor!
A piedade do algoz!...