TAÇA

Por favor, me dêem uma taça!

Estou pedindo, por Deus!

Que sede hedionda!

Me tragam, por piedade, uma taça

cheia do líquido desejado!

Quero álcool, muito...

Misericórdia, por favor,

mendigo por esta taça alcoolizada...

Preciso amortecer meus sentidos

e desmaiar minhas dores...

Deixa-me embriagar-me

por toda a eternidade...

Preciso perder os sentidos

angustiantes da razão que me toma...

Inebriar-me na fantasia do possível

do olfato,do tato, da visão, do palato...

Quero o delírio inconteste

de não errar no meu erro

do desejo absurdo

de me perder de desejo...

A taça, por favor!

Deixe-me esquecer a dor

que esmaga a esperança...

Deixa-me acreditar

que estou sentindo a presença...

Está doendo! Está matando!

Um copo cheio! Depressa!

Escorre pela boca...

Que tremor!

Minhas mãos... Como é gelado o líquido!

Faço amor com ele...

Estilhaço... barulho... sangue...

Álcool que corre pelas veias...

Gozo! Gozo infindo!

Delírio mortal! Por favor!

A piedade do algoz!...

carline
Enviado por carline em 06/08/2014
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