E ainda que me faltasse...
E ainda que me faltasse
- amor ou felicidade -
eu sorriria.
Eu sei que sim.
Estou sorrindo agora.
Então, o que importa?
Quem o contrário diria...?
É a superfície
tão plana e vazia que importa,
invés do interior,
com curvas e obstáculos
de sobra,
que guarda tudo aquilo
o que mais importa e
mais importou.
E como guarda!
Quase enterra, mas
não morre.
Vive lá como uma ferida interna,
intensa como o fluxo de um rio,
mas que não move.
Por que isso?
Pra que?
Pra quem?
Quem vive se escondendo
dentro de si, no fim
acaba sendo ninguém.
Às vezes até me lamento.
Perdida em mim,
perdida nessa maré...
E se alguém no futuro
perguntar por mim,
direi sem por um fim,
que não sou quase nada
do que me é.
E ainda que me faltasse
- amor ou felicidade -
eu sorriria.
E ainda que me faltasse...
Eu estou sorrindo.