A POESIA NÃO DEIXA O POETA



“Saio de meu poema
como quem lava as mãos.”
Caro poeta, engenheiro, diplomata:
Pudera eu sair de meu poema,
por um momento só!
Acorrentada minh’ alma, com versos, sem dó;
mãos tingidas de poesia:
ora de suor ora de lágrima ora de sangue
(que a poesia corre nas veias, misturada ao sangue)!
Pobre poeta! “Refugiou-se numa praia pura”
“onde nada existe”, mas a poesia: que nada a segura,
escondeu-se quietinha em seu coração!
Então, “o vento que sopra o tempo”
transformou a praia vazia,
com tudo que nela havia
(concha, pássaro, “côncavo”, a camisa despida,...),
numa bela poesia!

*Parafraseando João Cabral de Melo Neto,
Em seu poema Psicologia da Composição.
Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 06/08/2014
Código do texto: T4911737
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.