A anciã

Euna Britto de Oliveira

Um caquinho de mulher,

Com os dedos dos pés cansadinhos,

Mas tão boa e vergadinha,

Que dava vontade de a gente levar pra casa...

Mandou abrir o portão.

Transpus a porta

Onde tilintavam os sete sinos da felicidade.

Deixou-me telefonar.

Buscou a toalha

E enxugou meus braços.

Não adiantou dizer que não precisava,

Não me "obedeceu".

Chovia...

Fez isto para eu não pegar resfriado...

A casa da frente era a minha

Com estrago de silêncio na campainha.

Inarredável como um cipreste

Que balança ao vento,

A imperturbável velhinha!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 17/05/2007
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