Um quadro com pouca côr
Um quadro com pouca côr
O meu amanhecer é um quadro cinzento,
Sem fé, sem vontade, derrotado pela verdade,
Envolto em tormento, olho a cidade,
Sinto o corropio de passos,
O barulho da rua em tom e em compasso,
Fico rendido ao triturar do dia,
Que me defaz o mundo e a alegria.
Sem vontade me ergo para a jornada,
E sem côr enfrento a batalha do nada,
Sem armas e sem escudo,
Posiciono-me de perfil e olho o meu muro,
Pudesse ele contar-me os seus segredos,
Os lamentos que já ouviu, e o espairar dos medos,
As mãos que segurou e as lágrimas que secou.
Meu mundo são estas ideias perdidas no labirinto,
Este segurar da alma, a quem dou força e minto!
Nenúfar 17/5/2007