Mais uma vez
Não teimes a boca,
Escancarar o verbo do fim,
Com ênfase na dor.
Não forjes ao peito,
Canção sem palor.
Pois que o meu amor,
Ainda que envenenado,
Serve ao proposito de tua saudade.
A saber, antes da sombra,
Que habita as feridas,
Dessa ou daquela hora,
O meu resto de vida ainda é só teu.
Não temas o tempo destino,
Ainda que lateje já no esgoto a esperança finita,
Do teu desejo.
Pois que, só teu beijo,
Teu cheiro oculto,
Teu prazer em absoluto...
Faz do nada enlouquecer o querer.
Se essa paixão for o inferno,
Que me faz sorrir, mas que me mata,
Não sei mais o que é liberdade.