TEMPO DE SORTILÉGIO * Condenação

Vestida de burel, entrevejo a manhã.

Nem luz e nem azul. Tão triste e pardacenta,

mal entra,

tão vaga e sem rumor, com pezinhos de lã…

Pela vidraça fria,

de lágrimas banhada,

apenas o palor duma melancolia

de orvalho desenhada.

Lá longe, a vida grita,

aflita…

Não há quem a socorra!

Que importa o sacrifício às portas do Jardim

e morra,

mais uma vez, Abel, a golpes de Caim?

José-Augusto de Carvalho

3 de Agosto de 2014.

Viana*Évora*Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 03/08/2014
Reeditado em 03/08/2018
Código do texto: T4907973
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