NIRVANA
NIRVANA
E existe um lado que não conheço
ou não recordo...
E existem os barcos,
as chegadas e as partidas
E o cais enfeitado
é a própria vida!
E a vida,
esse ponto de encontro curvilíneo
Onde enxergamos o bem e o mal
Onde ancoramos sorrisos e tristezas
Saudades, enganos e verdades...
Um dia encontrei um barquinho dourado
Tão especial que se fazia em mim multicor
Branco, azul, laranja ou prateado
Amizade ou amor...
Anunciava o barquinho, o caminho de volta
Ou de ida quem sabe?
O percurso sempre foi mistério...
Meus olhos choveram!
inundaram minha face
Despenquei-me então no etéreo...
Que faria para atracar o barquinho no cais?
Escreveria minha melhor poesia?
Rogaria de joelhos ao Criador?
Faria tudo do que fosse capaz...
Faria tudo e muito mais...
Lembrei-me no entanto que o futuro
não nos foi dado de presente
Não sabemos do amanhã
O que vem por aí
ninguém pressente
Qualquer hora é hora de qualquer barco
E o meu pode ir até antes
do melhor abraço!
As margens não importam
meu barquinho dourado!
Navegamos no meio do oceano
como quem ouve um lindo fado
Segure as cordas feitas de palavras
que trocamos
Segure a bússola
com que sempre nos localizamos
E quem sabe assim
cheios de fé
desvendaremos os segredos
e permaneceremos na mesma caravana
e ainda que em lados diferentes
navegaremos
até o Nirvana!