Janelas
De longe te vejo
Por trás do vidro da tua janela acesa
E um mar de desalentos
Alastra-se pela cidade nua
Onde as portas se negam
E se traem em silêncio.
Tua janela despida
Escancarada
Cala-se à luz da madrugada
E escorre
Pelos cantos das paredes frias
Dos ventos de agosto.
Na penumbra do quarto
Vazio de mim
Teu corpo perde-se nas ondas errantes
Dos lençóis em desalinho
E tua janela recebe a luz
Do dia.
Lá fora a cidade se veste de sons
Enquanto teus dedos te vestem
De desatinos.
Fecham os botões da camisa
As janelas
E as portas
Da casa.