TEMPESTADE
Na porta transparente
a chuva está caindo,
suando passantes que passam apressados,
temerosos do toque dos pingos...
Parada aqui, fecho meus olhos
para poder enxergar os gritos...
Um trovão acaba de desabar
em forma de raio iluminado...
Estremeço no silêncio
barulhento da inundação...
Ouço tua voz em forma de tempestade,
penetrando pela minha epiderme
que vai se abrindo e se alagando...
Um arrepio! Sou arremessada
pelo movimento vertical da chuva
que me sua nos poros desejosos
do trovão sibilante da tua voz...
Vou embalada no ritmo dos pingos
entrando e saindo de mim...
Me inundo na inundação
do maremoto possante da tua voz
que faz orgia de mim
na nefasta festa de ti!
O grito sai em forma de chuva
que se esparrama no chão de mim!
Gozo ardente de ti,
posse perversa de mim...