FERA

Companheiro de todas as horas, de todos os dias

é meu sonho por ti!

Voz que grita mais que o som!

Arrebenta a artéria,

Circula nas veias,

se mistura ao sangue,

adormece o peito!

Em todos os caminhos se faz presente

e cruelmente machuca...

Que dor! Sufoca a garganta!

Empala as entranhas... Que dor!

Eternamente o saber que sempre saberá o que não saber...

Devoro-me insensivelmente e vorazmente,

abocanhando o corpo e a alma

como uma fera no cio da solidão!

Reprimo, massacro...

Vou ao fundo do poço,

mais baixo que o chão que se pisa...

A lama exala seu cheiro asqueroso

debaixo dos lençóis que a angústia cobrindo o frio...

Porco-espinho da agonia, carrapato da dor!

Se gruda ao corpo e rasga a carne!

Vejo dentes arreganhados e pontudos

atravessando o coração de angústia...

O horizonte aparece no delírio

e lá vejo o brilho do seu olhar,

que deita nas estrelas como um sonho...

Que dor! Ela se colou à cara,

matando e ressecando o agora...

És a porteira perversa da sedução!

Um escombro da sombra do que sou...

Que dor! Preciso de ar!

Tenho fome! Fome de blasfêmia!

Cadela faminta trepando com a alma,

bolinando com a carne que mata

o coração na teia arrasadora e devoradora...

carnificina de sangue que machuca a vontade...

ah! Como dói! Mais do que se pode aguentar!

Perversidade de vida no aqui e agora,

ciente da cachorra pedinte despudorada

da angústia que devora para ti!

carline
Enviado por carline em 01/08/2014
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