CANINA
estou aqui!
Eu lato para ti
na minha linguagem
meio humana,meio cachorra
que não se diferencia mais...
Mãos ou patas?
Só sei que são quatro
que se arreiam no chão
procurando o seu rastro...
estou aqui!
por favor, me ouve,
me dê atenção,
me dê a chance
de me transformar na cadela
rugindo e pedindo por ti...
animal e mulher
que se mistura na psicodélica
fórmula de mistura
do digital e do sensitivo,,,
capacidade de criar
o inimaginável pelo real...
cheiros, odores, toques!
Estou aqui!
Não me cale a garganta
de mandíbula estrangulada,
porque ela uiva pedinte
pela ombridade de ti...
Ouve-me! aprende a língua da cadela,
latindo o latido rouco
do desespero do apelo...
Vem a chispe
arranhando o ar
que corta o grito
do latido lacerado...
Me ouve! Me escuta!
Olha minha pata,
acenando o cansaço...
Focinho lacrimejante,
dilacerado pela angústia
de não falar mais humano!
Me ouve! Me afaga!
Pega minha mão!
Me ordene ser tua!
Sim! Abaixa o rabo!
Sim! Seja a canina
desprezível e amada
do sim de ser tua!