RELATO/DELATO
Me desnudo para ti!
Sem multidão e só...
Nada relato, nada delato...
Roupas, máscaras e espetáculos
que ficaram por terra
na areia marcada
pelo sangue pactuado...
Vazio das verdades absolutas!
Estou nua, despida
com o coração palpitante
da liberdade voadora e infinita...
Objeto da vida, da multidão, do sentido...
Me desnudo e me relato e me delato
para a vida, sinônimo de ti!
Vontade de ser o sentir
do ser despido sonhando ser
da vida, de ti, de mim...
Do sonho real da miragem escaldante...
O sangue fervendo e transbordando
nesse rio incontestável da entrega
indissolúvel e absoluta da queda
do abismo de mim
por caminhos tortuosos buscadores
da rede engolfante de ti!
É na queda que ela surge
e me prende na liberdade
de desejar o cárcere
da tua perversa prisão...
Me relato! Me grito! Me delato!
É o teu testemunho soberano
da ré que sou de ti!