Batons e Crepons.
Por Carlos Sena



De que me proíbem os mal amados?
Pois saibam:
Os amores certinhos me metem medo
- são enredos rumo à linha do cadafalso.
Prefiro amores arroubados
que nem calam nem silenciam. Ciam. 
Amores silentes, entrementes fincados.
Amores assim sem assado, mas
firmes na pegada da língua e do tato.
Amores atemporais,
intempestivos...
Lenitivos da vida ora doida ou varrida
nos inferninhos regados a néon.
Crepom. 
Bexigas sopradas de restos de beijo.
Batom.
Restos de bocas ofegantes 
que resvalam no espelho...
Pago pra vê-los, oh mal amados! 
Trasladando infelizes pela vida 
buscando o amor da rapariga
que passa pela noite
sem passar pelo dia...