MIGALHAS

Deus! Meu Deus!

Eu sinto tanta falta!

Isso não é reclamação,

não é lamento,

apenas desabafo...

Falei tanto em migalhas,

que o que restou foram migalhas...

Farelos espalhados pelo chão

que cato de forma desvairada,

com uma fome faminta,

sem usar garfo e faca...

Vou lambendo pelo chão,

usando a língua, a saliva,

as mandíbulas de animal...

Seguindo os rastros pelos espaços

que se transformam em labirintos

e que nem sei onde vão dar...

Sinto sua falta imensamente,

de forma desmesurada,

como uma insana por alimento...

Rastejo pelo chão frio

como uma lixeira esfomeada...

Seus comandos, suas ordens,

suas humilhações e atenções...

Migalhas deixadas ao acaso

e eu detetive perdida

de encontro ao farelo de ti...

Que falta meu Deus!

Que vazio na cratera de mim!

O tempo que não há

na distância do abismo...

E meu coração acelerando,

acreditando que virás

sem poder falar o sentimento...

Poder dizer que preciso de ordem,

que preciso de presença,

que preciso de amarra,

que preciso de ti...

Farelos, migalhas...

Estou faminta de ti!

carline
Enviado por carline em 30/07/2014
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