MIGALHAS
Deus! Meu Deus!
Eu sinto tanta falta!
Isso não é reclamação,
não é lamento,
apenas desabafo...
Falei tanto em migalhas,
que o que restou foram migalhas...
Farelos espalhados pelo chão
que cato de forma desvairada,
com uma fome faminta,
sem usar garfo e faca...
Vou lambendo pelo chão,
usando a língua, a saliva,
as mandíbulas de animal...
Seguindo os rastros pelos espaços
que se transformam em labirintos
e que nem sei onde vão dar...
Sinto sua falta imensamente,
de forma desmesurada,
como uma insana por alimento...
Rastejo pelo chão frio
como uma lixeira esfomeada...
Seus comandos, suas ordens,
suas humilhações e atenções...
Migalhas deixadas ao acaso
e eu detetive perdida
de encontro ao farelo de ti...
Que falta meu Deus!
Que vazio na cratera de mim!
O tempo que não há
na distância do abismo...
E meu coração acelerando,
acreditando que virás
sem poder falar o sentimento...
Poder dizer que preciso de ordem,
que preciso de presença,
que preciso de amarra,
que preciso de ti...
Farelos, migalhas...
Estou faminta de ti!