Pó*
peço um instante de eternidade
um laivo de luz azul a pulsar
entre um ontem desmemoriado
e um amanhã sem lugar
peço uma fagulha branda de esperança
um grito de vida sem medo
entre meus olhos receosos
lágrimas que guardam um segredo
peço um risco sem clausura
uma carícia de um verso infinito
entre minhas linhas escarlates
e meus poemas sem viço
porque há de nascer o novo dia
a despeito da ardidura
do descaso, da semi-vida
do caminho agreste sem alegria
e serei pó de mim mesma
num bordado celeste sem dor
na palavra- dourada caligrafia-
enraizada, indômita, numa terra de Amor.
Karinna*